quarta-feira, 12 de agosto de 2009



"O Primeira Ouro para Portugal", Carlos Lopes



Precisamente, hoje 25 anos depois, recordamos aqui no Tesouro Verde a primeira conquista de uma medalha de Ouro nos jogos Olimpicos para Portugal, um grande feito para o Desporto Português. Ninguém esquece aquele fim de tarde em Los Angeles, 12 Agosoto 1984, onde Carlos Lopes fez parar o Mundo e sentirmos a verdadeira prova de um grande Campeão.


Faltava pouco mais de uma semana para a partida para Los Angeles, quando, no decorrer de um treino, junto ao Estádio da Luz, Carlos Lopes foi atropelado por um Mercedes SL. Poderia ter sido o fim de um sonho: " Senti-me no ar, aos piparotes, caí e... levei algum tempo a levantar-me, com medo de pensar que já não iria a Los Angeles. Ergui-me e a primeira coisa que fiz foi tentar correr. Corri... o sonho podia continuar."Dez dias depois, partiu para os Estados Unidos. Não ficou na Aldeia Olímpica, preferiu o hotel da Nike porque, aí, disponha de melhores condições de treino e podia estar próximo da esposa.



Los Angeles, 12 de Agosto de 1984. O andamento vivo e a temperatura elevada foram desgastando Salazar, que cedeu ao quilómetro 19, Castella descolou aos 34, Seko e Takeshi ficaram para trás aos 36. Na cabeça do pelotão ficaram, então, Lopes, John Tracy (Irl) e Charles Speddeing (Ing). Mas, aos 38 quilómetros, Lopes desferiu um ataque rumo à vitória, rumo ao sonho. Entrou no estádio com 200 metros de vantagem, em passada firme, com o sorriso nos lábios. Os braços erguidos ao céu. Lopes conquistava para Portugal, a primeira medalha de ouro numas Olimpíadas. Eram 3.10 horas da madrugada em Lisboa.
Para além da conquista da medalha Olímpica, Carlos Lopes atingia nesse mesmo dia o recorde olímpico com a marca de 2h9m21s. De salienatar, que este record só foi alcançado, no último ano, nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008.


Foto: camisola e respectivo dorsal de Carlos Lopes, na maratona de Los Angeles, estão presentes no actual museu do Sporting "Mundo Sporting".

Carlos Lopes, " Se foi dura a Maratona ? Não, foram os 42 Km do costume. Nunca feliz, o professor merecia esta medalha."
"Decidi não me preocupar antes dos 37 Km, a partir daí sabia que tinha de dar forte e feio, foi o que fiz. T
ive medo de ser derrotado, bater não me batem, ralhar não dói... Nervoso estava Moniz Pereira. Nunca o vi assim. Nervoso de mais".


A vitória de Carlos Lopes na Maratona Olímpica valeu-lhe o reconhecimento de Mundo. Ronald Reagan, Presidente Americano, convidou-o a visitá-lo na Casa Branca. Tony Monk, uma das mais célebres pintoras americanas, fascinada pela sua saga, em Los Angeles, pintou-lhe retrato a óleo, onde Lopes gostou muito.


A chegada a Lisboa foi apoteótica, palmas que estrugiram, bandeiras que tremularam. Portugal descobria, de novo, um novo sentido de si, da sua grandeza. Mário Soares, na altura, primeiro-ministro, ofereceu-lhe um churrasco em São Bento e condecorou-o com a Grã-Cruz da Ordem do Infante, a mais importante comenda nacional. Lopes garantiu-lhe que caso se candidatasse à presidência da república teria o seu apoio. Cumpriu a promessa algum tempo depois.

Para Carlos Lopes, o ano 1984 foi certamente um ano memorável na sua longa carreira desportiva, pois para além da medalha de Ouro na maratona de Los Angeles, junta-se o título de Campeão do Mundo de Corta-mato neste mesmo ano. Um verdadeiro lutador, nada o fez desistir para alcançar tamanhos êxitos desportivos, uma referencia para o desporto português.

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